Com uma abordagem multidisciplinar que combina paisagismo e ecologia, estética, design e estudos cromáticos, arquitetura, política e um trabalho etnográfico baseado em caminhadas e encontros fortuitos, Gareth Doherty analisa neste livro a presença e o imaginario da cor verde no Reino do Bahrein, pais insular do Golfo Persico onde ela e historicamente associada a prosperidade e ao bem-estar em contraste com o deserto arido e hostil que domina a paisagem.A analise reflexiva e multidisciplinar deste contexto exotico - tanto para o autor quanto para os leitores brasileiros ? torna a leitura atraente e esclarecedora, e sugere uma serie de contrapontos para o pensamento sobre os mesmos temas, paradoxos e cruzamentos disciplinares em nosso pais.Um dos paradoxos que esta no cerne do livro e que, embora o verde da natureza seja frequentemente celebrado nas cidades como um contraponto a ambientes urbanos cinzentos, ele nem sempre e benefico do ponto de vista ambiental, em especial em lugares aridos como o Bahrein. O apetite local pelo verde e ilustrativo de uma obsesso pelo verde urbano que permeia as cidades em todo o mundo e que se encontra em um nivel extremo nesse lugar em particular, em que a vegetaço esta no centro das disputas politicas pela terra.O autor argumenta, ainda, que os conceitos de cor e objeto se definem mutuamente e, assim, uma discusso sobre o verde se torna uma discusso sobre a criaço de espaços e de lugares. No Bahrein, o verde representa uma infinidade de valores humanos implicitos e existe em tenso dialetica com outras cores e matizes cultural e ambientalmente significativos. Por exemplo, na relaço entre verde e vermelho, sendo a primeira a cor do isl, mais relacionada aos xiitas, e a segunda a cor nacional dos bahreinitas, o que leva as duas a serem altamente politizadas e, de certa forma, contrapostas"Arquitetos paisagistas costumam ser vistos como os profissionais responsaveis por criar espaços verdes nas cidades. Mas, no Bahrein, aprendi que e possivel ir alem de simplesmente "pintar" a cidade de verde. Em desertos de tons beges, a soluço no e abrir mo dos espaços verdes, mas repensar como usamos a cor em nossas vidas cotidianas. Roberto Burle Marx, sempre atento a dimenso estetica do paisagismo, afirmou: O importante e observar a beleza nas relaçes cromaticas. Ao mesmo tempo, alertava: O uso bem-sucedido da cor e uma das coisas mais dificeis do mundo. De fato, se conseguirmos aprender a empregar a cor de maneira mais eficaz em todas as escalas poderemos aplicar a sensibilidade do jardineiro para promover transformaçes profundas em nossas cidades e paisagens. Com o uso intencional e criativo das cores, os arquitetos paisagistas podem transcender os limites do verde urbano e projetar ambientes que expressem todo o potencial do arco-iris."Gareth Doherty, em trecho da apresentaço para a ediço em portugues do livro Paradoxos do verde.De fato, se conseguirmos aprender a empregar a cor de maneira mais eficaz em todas as escalas poderemos aplicar a sensibilidade do jardineiro para promover transformaçes profundas em nossas cidades e paisagens. Com o uso intencional e criativo das cores, os arquitetos paisagistas podem transcender os limites do "verde urbano" e projetar ambientes que expressem todo o potencial do arco-iris."
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