O livro Agronegócio, região e desigualdades socioespaciais analisa a difusão do agronegócio, a reestruturação urbano-regional e as desigualdades socioespaciais advindas. As redes agroindustriais, com apoio deliberado do Estado, se estabelecem nos lugares e produzem uma reestruturação produtiva condizente com seus interesses, o que atinge tanto a base técnica quanto a econômica e social do setor agrícola e promove a formação e/ou reestruturação de regiões que passam a encarnar especializações territoriais. O Oeste Baiano, situado nos cerrados nordestinos, configura-se como exemplo de região funcional ao agronegócio, pois contém, principalmente a partir da década de 1980, condições favoráveis à expansão dessa atividade, com investimento maciço de capital público e privado na tecnificação do território. Este livro revela como essa região tem sua organização socioespacial pautada por circuitos espaciais de produção e círculos de cooperação da produção moderna de grãos, principalmente da soja. Procura-se, desta maneira, demonstrar como as redes agroindustriais, atuando hegemonicamente, vêm se apropriando das virtualidades dos lugares, promovendo reestruturação urbano-regional e criando cidades funcionais às exigências produtivas do campo moderno. A partir do que é exposto ao longo do livro, é possível notar que, na região analisada, a difusão do agronegócio tem-se processado de forma conservadora e excludente, traduzindo-se no reforço de históricas desigualdades socioespaciais, bem como na criação de novas. Quando se observa os inúmeros problemas que acometem a região, constatamos que o setor moderno só se implantou em um pequeno número de pontos, persistindo um grupo de municípios e sujeitos que não passaram, ou foram pouquíssimos atingidos, pelo processo de modernização agrícola implantado. O reconhecimento dessa seletividade espacial vem despertando questionamentos sobre a viabilidade do modelo de agricultura adotado no Brasil, com o advento da globalização, e disseminando discussões acerca de modelos alternativos de produção agropecuária, pautados na conservação do meio ambiente, na valorização das comunidades tradicionais e na equidade social.