"Quantas Madrugadas Tem a Noite" está destinado a ser um marco na literatura angolana e na literatura de língua portuguesa em geral. Com uma extraordinária mestria narrativa, Ondjaki conta aqui uma historia em que no se sabe o que admirar mais, se a fulgurante imaginaço do autor, se a sua capacidade para a criaço de tipos e situaçes carregados de significado, se a sua capacidade para elevar a linguagem coloquial a um altissimo nivel literario. O humor, a farsa, o lirismo, a tragedia, o horror, todos estes sentimentos so aqui convocados e expostos, com a fluencia de quem conta, simplesmente, uma historia, na Luanda dos dias de hoje. Assim: Num tenho dinheiro, num vale a pena te baldar. Mas, epa, vamos so desequilibrar umas birras; sentas ai, nas calmas, eu te pago em estoria, isso mesmo, uma pura estoria daquelas com peso de antigamente, nada de invencionices de baixa categoria, estorietas, coisas dos artistas: pura verdade, so acontecimentos factuais mesmo. A vida no e um carnaval? Vou te mostrar alguns dançarinos, damos e damas, diabo e Deus, a maka da existencia. Transformo so o material pra lhe dar forma, utilidade. O artista molha as mos pra trabalhar o destino do barro? Eu molho o coraço no alcool pra fazer castelo das areias em cima das estorias... Uma noite, quantas madrugadas tem?
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